I SEMINÁRIO
INTERNACIONAL DE
ESTUDOS CRÍTICOS SOBRE O SUICÍDIO

O I Seminário Internacional de Estudos Críticos sobre o Suicídio tem como finalidade de propiciar o primeiro encontro, no Brasil, voltado à recepção dos trabalhos produzidos pelos Estudos Críticos sobre o Suicídio — área do conhecimento ainda pouco conhecida no país, embora já consolidada internacionalmente.

HISTÓRICO E CONTEXTO

A origem desse campo de estudos pode ser remontada à obra pioneira de Alfred Alvarez, O deus selvagem, publicada originalmente em 1972 como um estudo das representações literárias do suicídio na literatura universal. A partir desse estudo, uma série de outros intelectuais se debruçaram sobre o tema entre as décadas de 1980 e 2000, no contexto da consolidação dos Critical Studies no sistema universitário ocidental. Superando tabus e dificuldades institucionais, a recente década de 2010 assistiu à consolidação de uma pesquisa coesa sob o nome de Suicide Critical Studies, um campo interdisciplinar que compreende o suicida como um tipo de minoria subalternizada na esteira dos estudos críticos feministas e de raça.

O suicídio é um tema amplamente debatido em todo o mundo, sendo especialmente um problema social, político e de saúde pública para o Brasil, cujas taxas aumentaram em 43% entre 2010 e 2019 — um aumento de 81% entre adolescentes e de 113% entre jovens com menos de 14 anos entre 2010 e 2013. Essa tendência segue o sentido oposto da média global, que caiu 36% entre 2000 e 2019. No mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) em seu relatório “Suicide Worldwide in 2019: global health estimates”, apenas em 2019, 1,3% de todas as mortes do mundo foram causadas pelo suicídio. Foram aproximadamente 703 mil pessoas que se mataram, sendo 77% desses suicídios ocorridos em países de baixa e média renda. Isso significa que, em 2019, tivemos no mundo uma média de 1926 suicídios por dia, isto é, 80,25 suicídios por hora.

A proposta do campo, portanto, segundo o resumo de Chandler, Cover e Fitzpatrick, é a de abordar o suicídio como um problema de justiça social tal qual o racismo e o machismo, para além dos vieses dominantes da estatística positivista e da patologização psiquiátrica ou farmacológica. Nesse sentido, os estudos mais recentes sobre o tema, interligando estudos literários, culturais, sociológicos e históricos, revelam um “crescente posicionamento crítico de alguns estudiosos contra a moralização da retórica de prevenção que busca salvaguardar a vida a qualquer custo, silenciar vozes de indivíduos suicidas e submeter pessoas a consequências e ambientes potencialmente destrutivos”.

PÚBLICO ALVO

O evento se torna relevante por proporcionar aos habitantes do Distrito Federal e entorno um debate acadêmico de qualidade sobre o tema, colocando em diálogo pesquisadores de Letras, Ciências da Saúde e Ciências Humanas. Além disso, considerado seu caráter de extensão, o evento também propõe impactar positivamente as políticas de prevenção e educação sobre o suicídio, proporcionando mesas-redondas e palestras abertas ao grande público do Distrito Federal, com o fim de possibilitar uma formação sólida para professores do Ensino Médio e Superior, além de profissionais da Saúde em geral (enfermeiros, psicólogos, psicanalistas, assistentes sociais, etc.) que lidam com o suicídio de jovens e adultos em suas práticas diárias.

COMISSÃO ORGANIZADORA